segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Lado A e Lado B

Sim e não. Essas foram as únicas duas respostas que ouvi quando perguntei pra maioria dos amigos e chegados se o filme "Durval Discos" é bom. Nenhum "talvez" ou , "falta isso, mas é bom", ou qualquer outra opinião. E eu adoro isso. Queira você goste ou não, ele te causa alguma coisa, ou ele te irrita com a personagem que é mãe do Durval e pelo ambiente claustrofóbico, ou te conquista pelos mesmos motivos. (logicamente que quem gostou não pensa dessa maneira)Pra enriquecer mais ainda, o filme tem uma das melhores trilhas sonora que eu já vi num filme brasileiro, se não a melhor. Dona Carmita, mãe de Durval é um personagem à parte. Kiki, a meninha, é tão fofa que apaixona. Durval, um romântico que não aceita a chegada e o domínio dos cds no mercado, vive sonhando com seus discos de vinil e defendendo sua sobrevivência. Por falar em vinis, estava lendo algumas críticas feitas ao filme e algum ser que no mínimo não pensou ao escrever disse que era péssimo pois ele não via relação nenhuma da loja de discos com o filme. É exatamente por isso que este, e tantos outros, não entenderam o filme. É genial a analogia. O subítulo do filme é "Tudo na vida tem um lado A e um lado B". Pra quem viu, é bem óbvia essa relação. Quando tudo parece ir bem o disco (vida da família) vira e começa o pesadelo de Durval e sua mãe. As proporções de dramatismo e humor que vão dominando o filme são tão bem feitas e interpretadas que me dominaram. E é isso o mínimo que eu espero de um filme, que ele me prenda. Logicamente que muitos fatores, tanto cinematográficos quanto de estado espírito de quem assiste, fazem você gostar ou não de um filme. Pra mim tudo se encaixou perfeitamente. Não sou fã de cinema brasileiro, mas esse filme é fantástico. A atriz Etty Fraser, mãe de Durval, merecia pelo menos um prêmio em Gramado. Enfim, é excelente. E Durval, tem muita gente que ainda ama os vinis, como eu.

Trailer do filme:



Direção: Anna Muylaer

Elenco: Ary França (Durval), Etty Fraser (Carmita), Marisa Orth (Elisabeth), Isabela Guasco (Kiki), Letícia Sabatella (Célia), Rita Lee (Tia Julieta)

Ano: 2002

Trilha sonora:

01. Mestre Jonas - Os Mulheres Negras
02. Que Maravilha - Jorge Ben
03. Maracatu Atômico - Gilberto Gil
04. Madalena - Elis Regina
05. Irene - Caetano Veloso
06. Ovelha Negra - Rita Lee
07. Back In Bahia - Gilbetto Gil
08. Alfômega - Caetano Veloso
09. Besta É Tu - Novos Baianos
10. Xica Da Silva - Jorge Ben
11. London,London - Gal Costa
12. Pérola Negra - Luiz Melodia
13. Mestre Jonas - Sá, Rodrix E Guarabyra

5 comentários:

  1. "Dona, bicicleta n se embrulha..."

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  2. poultz... mais um pra pilha de pendências... :)

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  3. Este filme é sensacional. Muita gente fala de semelhanças com o "Alta Fidelidade", mas honestamente prefiro esse. Começando pela maravilhosa cena de abertura do início até seu final criticado por muitos.

    Na minha opinião falta em muitos que não entenderam o filme, sensibilidade para perceber a dureza de algumas coisas simples e a simplicidade de sensações sutis, mas impactantes.

    Para começar a entender o final, deve-se antes perceber um detalhe simples, mas muito importante: a música da abertura do filme. Quando a câmera vai descendo em um plano sequência a rua Teodoro Sampaio fazendo o espectador vislumbrar o ambiente onde a história vai se situar. A música é "Mestre Jonas". Na abertura, temos a versão d'Os Mulheres Negras e mais para frente no filme vemos a versão original de Sá, Rodrix e Guarabyra. A letra dessa música tem uma profunda ligação com os personagens principais, principalmente em relação ao passivo Durval.

    A baleia, seria a casa onde o filme se passa. E "dentro da baleia a vida é tão mais fácil..." Durval e sua mãe, mesmo se estrepando cada vez mais não saem de dentro da baleia. Não querem aceitar a realidade e acham meio que inconscientemente que se ficarem lá, o mundo real não vai lhes perturbar.

    A cena final, como diz no roteiro do filme, é quando Durval "suspira ou respira, como alguém que acaba de sair do ventre materno, da baleia do Jonas ou simplesmente da loja Durval Discos." Nada mais impactante do que a mesma câmera que convidava você a descobrir a loja, testemunhar a lenta morte e destruição da loja, percorrendo sua demolição meio que perturbada. A música de Luiz Melodia tenta convidar você a entender o que se passa na cabeça de Durval naquele momento: "tente passar, pelo que estou passando..." E fica a incógnita do que aconteceu com Durval, Carmita e Kiki. Sobram apenas os destroços da baleia que foi extinta. Assim como a vida desses personagens.

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  4. Meu filme favorito.
    E o digão tá ótimo no papel principal.

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